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Villas Boas

Avaliação e pandemia: a avaliação em foco

Educação e Pandemia: a avaliação em foco

Enílvia Rocha Morato Soares

Em entrevista ao periódico El País (apresentada ao final deste texto), Andreas Schleicher, diretor de Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e principal responsável pelo relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), aponta consequências do prolongado afastamento de crianças e adolescentes do ambiente escolar em função da crise do coronavírus, bem como para mudanças que deverão ser introduzidas nas escolas após o final do isolamento, visando dirimir os efeitos negativos decorrentes dessa ruptura.

Medidas adotadas na China e dificuldades enfrentadas na Espanha para o enfrentamento do problema, citadas pelo pesquisador para exemplificar suas ideias, potencializam preocupações diante do contexto brasileiro de avassaladoras desigualdades sociais e investimento em políticas que, se não as ignoram totalmente, desconsideram o fato de que esforços pessoais não são suficientes para superá-las. Na esteira dessa realidade caminha a educação. Distante de ser uma prioridade do atual governo e conduzida por ideais meritocráticos, desigualdades de aprendizagem tendem a se fortalecer com e a partir da quarentena, elitizando oportunidades de ascensão educacional e social.Continue a ler »Avaliação e pandemia: a avaliação em foco

Volta às aulas

Volta às aulas

 Por Rose Meire da Silva e Oliveira- pesquisadora do GEPA

 Seria ironia se não fosse verdade o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro no dia anterior ao aniversário da capital, noticiar a intenção de reabertura das escolas cívico-militares da rede pública de ensino, em meio à pandemia do novo coronavírus, a partir da próxima semana.

Considerando que as escolas de gestão compartilhada da SEEDF apresentam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e encontram-se em áreas de maior vulnerabilidade social, por que expor os profissionais da educação e da segurança, professores, principalmente os estudantes e seus familiares, pais/responsáveis, avós e cuidadores que residem exatamente em locais tão precários? Continue a ler »Volta às aulas

Em tempos de pandemia: banalização da educação a distância?

Em tempos de pandemia: banalização da educação a distância?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Professora emérita da UnB

No momento em que enfrentamos o Novo Coronavírus, receio que a educação a distância (ead) esteja sendo banalizada, pelos motivos que se seguem.

Em primeiro lugar, ela vem sendo praticada pelos sistemas de ensino e escolas com um grande número de estudantes e professores, sem terem passado por nenhuma ou quase nenhuma preparação. Em muitos casos, foi implantada repentinamente. Tenho lido e ouvido comentários a seu favor e contra, por pessoas envolvidas no processo. Um dos comentários positivos é a possibilidade de os estudantes darem continuidade às atividades escolares. Um dos negativos é a dificuldade das famílias de enfrentarem esse desafio.

Em segundo lugar, a preparação para o seu uso deveria envolver não somente os professores e coordenadores pedagógicos, mas, também, estudantes e pais. Os estudantes não têm o hábito de estudar sozinhos e nem sempre conseguem organizar seu tempo para o trabalho. Parte deles está acostumada a jogos online e a se comunicar com amigos e colegas, em situações divertidas. Estudar pela internet requer postura apropriada para isso. Não é brincadeira para passar o tempo. Quanto aos seus pais, estão sendo envolvidos em uma sistemática de trabalho para a qual não receberam orientações. Já li reclamações de alguns deles dizendo não terem tempo para acompanhar as atividades dos filhos, principalmente os mais jovens, ou por não saberem o que lhes caber fazer. Permanecem junto aos filhos enquanto trabalham ou os deixam “se virando”? E os que não conhecem a dinâmica da ead? E os que não têm ou não usam computador? E os que não têm internet?Continue a ler »Em tempos de pandemia: banalização da educação a distância?

GEPA em ação durante a pandemia – análise do livro A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias

Diante do cenário pandêmico hodierno, o GEPA em ação realizou, no dia 27 de março de 2020, videoconferência para analisar o livro do professor Luiz Carlos de Freitas, publicado em 2018: “A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias”, que discute os impactos dos ideais neoliberais e da política de reforma empresarial na educação. Compreender o contexto de desmonte da escola pública constitui movimento de resistência e, por isso, se faz premente.

OUTRO CAMINHO É POSSÍVEL!

Análise do livro – A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias

(Luiz Carlos de Freitas, 2018)

Em tempo de aceleração do ideário e princípios neoliberais, da expansão dos interesses privados frente ao público e do redimensionamento da relativa autonomia do Estado, a leitura do livro: “Reforma empresarial da educação: nova direita velhas ideias” nos alerta quanto aos perigos da privatização da educação pública. A obra descreve e analisa os caminhos que vêm sendo paulatinamente trilhados rumo à desestatização do ensino público, bem como propostas de resistência à instauração de tal propósito, posicionamentos com os quais o GEPA concorda, reafirmando seu compromisso com a escola pública e com o ensino de qualidade social.

Inicialmente, o livro situa historicamente o surgimento do neoliberalismo e o nascimento de uma nova direita, advinda da convergência entre conservadorismo e individualismo mercadológico e da combinação entre o liberalismo econômico e autoritarismo social. Esse movimento tem como base não apenas a questão econômica, mas também a ideológica. Seu ideário defende a apropriação privada e sua acumulação contínua, em detrimento do público e do estatal. Nessa perspectiva, a organização econômica mais eficaz seria o capitalismo competitivo, o livre mercado, a livre concorrência (Hayek, Mises, Friedman e Buchanan). A partir da concepção de sociedade baseada no livre mercado, a educação, antes concebida como direito, passa a ser entendida como um serviço a ser prestado.Continue a ler »GEPA em ação durante a pandemia – análise do livro A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias

Por que a avaliação por professores deveria substituir permanentemente os exames em larga escala ao final do ensino médio, no Reino Unido?

Por que a avaliação por professores deveria substituir permanentemente os exames em larga escala ao final do ensino médio, no Reino Unido?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Os GCSEs são exames a que se submetem os estudantes do Reino Unido ao final do ensino médio, pelos quais obtêm o certificado para a entrada na universidade. O jornal Tes, de 28/03/2020, anuncia que os exames a que se submeteriam os estudantes neste ano de 2020 foram cancelados, em função do Coronavírus. Somente neste ano serão substituídos pelos testes aplicados pelos professores.

Toda a argumentação do texto defende o abandono de exames em larga escala, substituindo-os pela avaliação realizada constantemente pelo professor. Vejamos.

É uma mudança dramática, entende o jornal: de testes padronizados, com itens objetivos, à avaliação mais subjetiva desenvolvida pelo professor em sala de aula. Essa alteração poderá incomodar estudantes e seus pais.

A avaliação pelo professor durante a educação compulsória é tão confiável e estável quanto as notas obtidas por exames padronizados. Podemos e devemos confiar nos resultados da avaliação do professor como indicadores do rendimento dos estudantes, afirma o jornal.Continue a ler »Por que a avaliação por professores deveria substituir permanentemente os exames em larga escala ao final do ensino médio, no Reino Unido?

A educação a distância na educação básica: a realidade e a efetividade do ensino

 

A educação a distância na educação básica: a realidade e a efetividade do ensino

Dra. Maria Susley Pereira

Das três últimas décadas para cá temos tido a oportunidade de perceber e acompanhar o inegável avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC, as quais, de uma forma ou de outra, estão entranhadas na vida de cada um nós e na nossa vida em sociedade. A riqueza de possibilidades que as TIC oferecem é inegável, em particular para a educação, pois elas favorecem a inovação, permitem modernizar o ensino, alinhando-o às perspectivas sociais atuais e, sobretudo, às expectativas das novas gerações.

E é nesse caminho que entra a EaD, como uma ferramenta de inovação para o ensino convencional. Estamos em plena busca pelo fim da pandemia da Covid-19, atendendo a todas as recomendações sanitárias mundiais, com a fuga de aglomerações, o que obviamente inclui a paralisação das aulas. Isso tem deixado todos nós preocupados, afinal os estudantes precisam continuar seus estudos, precisam continuar avançando. Mas será que determinar que a suspensão das aulas seja revogada, nesse momento, e instituir o ensino a distância, abruptamente, será a solução mais adequada? Em se tratando da Educação Básica, especialmente, essa pode não ser uma saída pedagogicamente feliz.Continue a ler »A educação a distância na educação básica: a realidade e a efetividade do ensino

JUSTIÇA, AVALIAÇÃO E REPROVAÇÃO: O PODER DE PUNIR

 

JUSTIÇA, AVALIAÇÃO E REPROVAÇÃO: O PODER DE PUNIR

Profa. Dra. Enílvia R. Morato Soares

Ao determinar a reversão da decisão de uma escola pública do DF em aprovar 18 estudantes da Educação de Jovens e Adultos que deixaram uma prova em branco, a justiça:

  • Interfere em decisões de cunho pedagógico que não são de sua competência, por não contar com profissionais formados para esse fim.
  • Confere a um único instrumento avaliativo o poder de classificar e selecionar estudantes, estabelecendo sua não condição de prosseguir nos estudos e desconsiderando todas as demais práticas avaliativas que o estudante vivenciou.
  • Desqualifica o trabalho dos professores e demais profissionais que decidiram pela aprovação dos estudantes, desconsiderando o fato de que, por estarem convivendo cotidianamente e possuírem formação específica para o exercício do cargo, são eles os mais aptos a tomar tal resolução.
  • Extrai, do profissional docente, a autonomia necessária para o desenvolvimento de seu trabalho.
  • Desconsidera a condição de sujeitos historicamente excluídos do direito à educação – muitas vezes em decorrência de reiteradas reprovações – característica dos estudantes da EJA, e a necessidade de atendê-los de forma diversa, respeitando suas especificidades e realidades.
  • Contraria o Regimento Escolar da Rede pública de Ensino, que defende que:
    • “A função formativa da avaliação é o princípio das práticas avaliativas em toda a Rede pública de Ensino”;
    • o valor atribuído a testes/provas não pode ultrapassar 50% da nota final de cada componente curricular;
    • é de competência do Conselho Escolar “deliberar sobre os casos de aprovação, reprovação e avanço de estudos”.
  • Contraria orientações pedagógicas da SEEDF, como as Diretrizes de Avaliação, que estabelecem que:
    • Devem ser adotados diferentes instrumentos e procedimentos de avaliação com objetivo de, por meio da avaliação formativa, promover o avanço dos estudantes, citando: a avaliação por pares, prova, portfólio ou webfófio, registros reflexivos, seminários, pesquisas, trabalhos em pequenos; grupos, autoavaliação e outros.
    • “avaliar não é aplicar um instrumento, isoladamente, e dele se servir como o único parâmetro por parte do avaliador”;
    • a avaliação que serve para punir e/ou excluir as pessoas revela sua face mais cruel, pois diz respeito à questão de poder.
  • Contraria a própria LDB 9394/96, que determina que a avaliação deve ser “contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais”.

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SBPC divulga nota em defesa da democracia

JC Notícias – 26/02/2020

SBPC divulga nota em defesa da democracia

Leia a nota na íntegra:

EM DEFESA DA DEMOCRACIA 

 

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC se manifesta publicamente em defesa da democracia e da Constituição Federal, em particular diante da iniciativa do mais alto dignitário da Nação de apoiar a convocação de atos políticos contra o Congresso Nacional, o que, uma vez confirmado, se caracterizaria como crime de responsabilidade. A sociedade brasileira não pode aceitar o retorno a experiências antidemocráticas e autoritárias do passado. A declaração das principais lideranças do Legislativo, do Judiciário e de muitos setores da sociedade brasileira em defesa da democracia é apoiada firmemente pela SBPC e, temos certeza, pela grande maioria da sociedade brasileira.

Ao longo de sua história de sete décadas a SBPC se destacou, assim como outras entidades da sociedade civil, por sua luta pela educação, pela ciência, pela saúde, pelo meio ambiente, pelos direitos humanos e sociais, pela democracia e pela soberania nacional. Atuamos contra as práticas autoritárias do regime ditatorial, em defesa das liberdades democráticas, pela redemocratização do País, pela construção da Constituição de 1988 e na elaboração e acompanhamento de políticas públicas consistentes.

Um desafio permanente para todos os brasileiros é a construção de um projeto nacional que conduza ao desenvolvimento sustentável do País e possibilite o estabelecimento de uma sociedade democraticamente estável e mais justa e solidária. Um projeto que conduza à erradicação da pobreza e à redução das desigualdades sociais e regionais, promova o bem de todos, sem preconceitos ou discriminações de qualquer tipo, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. E a democracia é um requisito essencial e indispensável para que se construa um país desenvolvido social e economicamente de forma sustentável.

Neste momento crítico da vida nacional, reafirmamos a defesa intransigente da democracia plena, do Estado democrático de direito, com o respeito aos diversos poderes constituídos e às liberdades democráticas consagradas na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e na Constituição Federal. É essencial que a sociedade brasileira e todas as suas forças democráticas atuem firmemente em defesa da democracia e da garantia dos direitos individuais e sociais de todos os cidadãos brasileiros.

 

São Paulo, 26 de fevereiro de 2020.

ILDEU DE CASTRO MOREIRA

Presidente da SBPC

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MEC lança programa Tempo de Aprender para aprimorar a alfabetização no país

MEC lança programa Tempo de Aprender para aprimorar a alfabetização no país

Terça-feira, 18 de fevereiro de 2020, 19h58

Iniciativa é voltada para professores e gestores das redes públicas de ensino
Tatiana Sócrates e Dyelle Menezes, do Portal MEC

Ensinar gerações de cidadãos a ler e a escrever. Esse é o papel dos professores da educação básica que ensinam os estudantes no início do ciclo escolar, durante o processo de alfabetização. Para cumprir esse objetivo, o Ministério da Educação (MEC) lançou nesta terça-feira, 18 de fevereiro, o programa Tempo de Aprender, voltado para o aperfeiçoamento, o apoio e a valorização a professores e gestores escolares do último ano da pré-escola e do 1º e 2º ano do ensino fundamental.Continue a ler »MEC lança programa Tempo de Aprender para aprimorar a alfabetização no país