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Villas Boas

Por que só as Escolas Cívico-Militares?

 

Por que só as Escolas Cívico-Militares?

MEC, 05/02/2020

Conheça as atividades extracurriculares que serão estimuladas nas escolas cívico-militares

Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2020, 10h13

Implementação do modelo de ensino começa em 2020; objetivo é promover melhoria na qualidade da educação básica no Brasil

Dyelle Menezes, do Portal MEC

Em 2020, o Ministério da Educação (MEC) inicia a implementação de um dos seus principais programas: as escolas cívico-militares. Desenvolvido para promover a melhoria na qualidade da educação básica do país, o novo modelo de ensino vai estimular atividades extracurriculares.

De acordo com o Manual das Escolas Cívico-Militares, a realização desse tipo de atividade contribui para o desenvolvimento da educação integral dos alunos. “A escola deve normatizar o funcionamento dessas atividades, que podem ser propostas pelos docentes, pelo corpo de monitores ou pelos demais integrantes da comunidade escolar”, diz o documento.

Conheça os tipos de atividades extracurriculares que serão incentivadas:Continue a ler »Por que só as Escolas Cívico-Militares?

FAMÍLIA: presente!

FAMÍLIA: presente!!

Rose Meire da Silva e Oliveira

 Olá, queridos pais e responsáveis,

Logo, logo mais um ano letivo escolar se aproxima e escrevo-lhes esta carta para conversarmos sobre um assunto relevante para a aprendizagem dos seus filhos/estudantes!

Imagino que nos primeiros dias de aula um turbilhão de ideias, expectativas, anseios e de dúvidas surgem sobre o trabalho da escola, as atividades pedagógicas que serão desenvolvidas pelos professores, como será o desempenho dos seus filhos. Alguns ainda poderão se perguntar: será que meu (minha) filho (a) irá gostar do (a) professor (a), dos colegas em sala de aula? Será bem acolhido pelos profissionais da escola? Conseguirá aprender? Terá dever de casa e com qual periodicidade? Como serão as provas? Haverá notas? Quais atividades serão cobradas? Será aprovado ao final do ano letivo?Continue a ler »FAMÍLIA: presente!

Notas: para quê? Uma discussão que não pode ser adiada

 

Notas: para quê? Uma discussão que não pode ser adiada

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Novo ano letivo iniciando. Hora de dar continuidade ao planejamento do trabalho pedagógico. Refiro-me à continuidade porque as informações coletadas no ano anterior não são engavetadas. São aproveitadas. A avaliação é um componente crucial desse processo porque é o ponto de partida da organização do trabalho pedagógico, acompanhando todo o seu percurso, o concluindo e oferecendo elementos para a sua retomada. Costumamos discutir vários aspectos relacionados ao trabalho escolar e à avaliação, mas em um deles não tocamos: o uso de notas. Qual a razão de insistirmos na sua adoção? Por que perduram há tanto tempo?

Por isso, é oportuno comentar brevemente um estudo realizado nos Estados Unidos sob a coordenação de Susan Brookhart e Thomas R. Guskey (2019), sobre o uso de notas. Eles reuniram um grupo de renomados professores para sintetizar pesquisas sobre notas, realizadas nos últimos 100 anos. Como se pode perceber, pesquisar o uso de notas em 100 anos demonstra quão importantes têm sido no trabalho escolar.Continue a ler »Notas: para quê? Uma discussão que não pode ser adiada

Semana pedagógica: discutindo a avaliação formativa

 

Semana pedagógica: discutindo a avaliação formativa

Maria Theresa de O. Corrêa

Compreender a avaliação, de maneira mais ampla, para além da correção de trabalhos, exercícios e provas, é um desafio que se impõe a cada momento não somente para os (as) professores (as) mas para a toda a escola, considerando a sua temporalidade e complexidade. Cada período letivo é único e no ambiente escolar, afirma Cerqueira (2006), inscrevem-se regras, histórias, fantasias, formalidades que afetam e contribuem para a produção de sentido na educação.

Assim, a “semana pedagógica” é uma oportunidade ímpar para se começar o ano discutindo o processo avaliativo, a partir das necessidades da própria escola, da sua complexidade.  Nessa ocasião, esforços diversos e em conjunto são empreendidos pela secretaria escolar, equipe gestora, agentes da limpeza, da portaria que, entre outros, matizam cores, sons e intenções para o ano escolar que se inicia. Essa dinâmica desenha, de forma ampla, o trabalho pedagógico que será desenvolvido durante o período letivo e que implicará as ações realizadas em sala de aula pelos (as) professores (as) com os (as) estudantes.Continue a ler »Semana pedagógica: discutindo a avaliação formativa

Olá!

 

 

Olá!

Vânia Leila Nogueira

            O Grupo de Pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico (GEPA) convida a todos os envolvidos na dinâmica da escola para fomentar o diálogo responsável sobre os saberes construídos acerca da avaliação, saberes estes presentes no chão da sala de aula.

Começa 2020 e assim um novo ano letivo. Os desafios de todo começo ou recomeço estão presentes no nosso cotidiano escolar. O cenário educacional sempre muda e nos apresenta circunstâncias, situações subjetivas e inesperadas sobre as quais precisamos agir. Ação coletiva é sempre o melhor caminho para elaborarmos estratégias e planejar ações efetivas para a organização do trabalho pedagógico da escola.

Todos nós, professores, independentemente da etapa ou modalidade na qual atuamos, queremos construir uma relação respeitosa com nossos estudantes, sejam crianças, adolescentes ou adultos. Consideramos importante atentar para os três níveis da avaliação (para as aprendizagens, institucional e em larga escala). Garantir tal proposta no projeto político pedagógico da escola é imprescindível, pois as finalidades de futuro e as realizações da prática escolar carecem ser pensadas e debatidas por toda a comunidade escolar.Continue a ler »Olá!

Avaliar para planejar!

Avaliar para planejar!

Profa. Dra. Elisângela T. Gomes Dias

 

Avaliar é uma competência que temos buscado desenvolver, e a cada dia descobrimos atributos que vão se refinando, pois essa é uma ação permanente.

Com o início do ano letivo, é fundamental compreender que avaliamos para planejar e intervir. O projeto da escola aponta a direção e os rumos. Mesmo sem conhecer os estudantes, sabemos o que ensinar em cada série, ano ou etapa. O currículo dispõe de um conjunto de orientações e os materiais que o traduzem, como os livros didáticos e as apostilas, sugerem como fazer. Mas é necessário que o docente não esqueça que cada criança, jovem ou adulto não é uma folha em branco ou uma tábula rasa. Eles trazem um conjunto de conhecimentos e experiências que precisam ser valorizados e servir de ponte para novas aprendizagens.  Continue a ler »Avaliar para planejar!

Avaliar para planejar… planejar para avaliar

 

Avaliar para planejar… planejar para avaliar

Enílvia Rocha Morato Soares

 

Teremos na próxima semana, a partir do dia 03 de fevereiro, o início de mais um ano letivo nas escolas públicas do Distrito Federal. Como sempre acontece na primeira semana após o período de férias dos estudantes e professores, chamada oficialmente de “Semana Pedagógica”, profissionais da educação e integrantes da comunidade escolar se reúnem para (re)planejar o trabalho que pretendem desenvolver ao longo do ano. Trata-se, portanto, de um momento em que a avaliação se mostra imprescindível.

Diferente da visão pontual e retrospectiva que, em geral, incide sobre as avaliações situando-as ao final de processos, reflexões sobre o modo como se pretende caminhar não dispensa o olhar atento sobre o percurso já trilhado, constituindo norte para a manutenção do foi produtivo, eliminação do que não foi e projeção de novas investidas que, por sua vez, deverão ser reincidentemente avaliadas.Continue a ler »Avaliar para planejar… planejar para avaliar

Diferença de gênero na escola e nas carreiras científicas

JC Notícias – 21/01/2020

Diferença de gênero na escola e nas carreiras científicas

Artigo de Débora Foguel, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e conselheira da SBPC, para o blog Ciência & Matemática do jornal O Globo

Lendo uma matéria do Antonio Gois do Globo, lembrei-me de um artigo recentemente publicado na revista Science Education (Novembro, 2019, págs. 1-20), já que ambos trazem à superfície uma questão muito relevante: a disparidade de gênero em alguns aspectos da vida escolar e suas consequências para a história de cada um e para a escolha profissional.

O estudo brasileiro a que o Gois faz referência relata que, embora haja uma pequena diferença na nota dos meninos em matemática em relação a nota das meninas e uma maior diferença na nota das meninas em português em relação aos meninos no exame do Saresp (avaliação realizada pelo governo de São Paulo), quando se analisa as notas dadas pelos professores em sala de aula, as meninas recebem nas duas disciplinas notas maiores que os meninos. Isso, de certa, forma conflita com o resultado do Saresp, uma prova que sofre menos influência de outros fatores como o fator interpessoal, comportamental dentre outros . Talvez nada disso tivesse maior consequência, se, conforme apontado na matéria, as notas que um estudante tira impacta diretamente nas suas expectativas futuras e na sua autoestima, o que pode ser determinante na decisão de um estudante de abondar ou continuar os estudos.

No estudo da Science, Whitherspoon e Schunn procuraram investigar em que momento da vida escolar/universitária um(a) estudante americano(a) opta por seguir ou abandonar uma carreira científica e se há diferença de gênero nessa opção ao longo desse caminho. Antes de eu prosseguir, é importante lembrar que o sistema universitário americano, onde o estudo foi conduzido, é bem diferente do nosso e os estudantes, ao entrarem no college (similar a universidade), ainda não definiram que carreira específica seguir.

Também nos EUA, há exames nacionais que avaliam os estudantes antes de ingressarem na universidade (SAT- Scholastic Aptitude Test) e, curiosamente, lá também os meninos têm notas um pouco maiores em matemática e as meninas têm notas maiores em escrita/redação. Um dos pontos tratados no estudo da Science é se os estudantes utilizam essas notas como parâmetros ou indicadores, mesmo que inconscientes, para a escolha de suas carreiras mais tarde, no college. (Aqui não vamos aprofundar nessa questão da diferenças de notas entre meninos e meninas nas diferentes disciplinas, até porque já se sabe que essas diferenças não podem ser explicadas por questões biológicas ou habilidades cognitivas, mas, muito provavelmente, por questões socioculturais e históricas que, infelizmente, não tenho conhecimento para discorrer sobre as mesmas).

Mas, uma coisa curiosa é que as meninas que tiram as melhores notas em matemática também são as que têm maior probabilidade de tirarem melhores notas em redação que os meninos. Segundo os autores, trata-se da “Hipótese da Força Relativa”, que poderia explicar alguns dados levantados no estudo, conforme descreverei brevemente a seguir.

Os autores acompanharam 4345 estudantes que estavam fazendo sua graduação no college de Ciências e Artes e no college de Estudos Gerais, ambos associados a uma universidade americana. O estudo descreve a amostra em detalhes, mas por falta de espaço ressalto apenas que os estudantes são oriundos de famílias com renda mais elevada e, na sua maioria, são brancos. A ideia do estudo foi a registar a intenção de carreira desses estudantes quando do ingresso no college e, depois, analisar o tipo de diploma obtido por eles. Dessa forma, a ideia era saber se os estudantes mudam suas trajetórias ao longo do percurso e se essa mudança tem correlação com o gênero.

As intenções de carreira foram subdivididas em cinco áreas, a saber: Ciências (Biologia, Química, Neurociência, Física, Geologia etc.), Medicina (Pré-Medicina – nos EUA, a medicina é um curso universitário), Saúde (Farmácia, pré-Odontologia, Nutrição etc.), Áreas não Científicas (Psicologia, Pré-educação, Antropologia, História, Filosofia, Literatura, Música etc.) e Indecisos.

No primeiro conjunto de resultados, os autores analisaram qual o percentual de estudantes que se diplomaram em Ciências, independente da sua intenção de escolha de carreira no ato da matrícula. Vejamos os resultados que foram curiosos: Dos 100% que se diplomaram em Ciências, 41% tinham a intenção de seguir a carreira científica no ato da matrícula; 45% queriam Medicina/Saúde; 11% eram os indecisos e 3% queriam áreas não científicas. Ou seja, do total de graduados em Ciências, grande parte tinha como opção Medicina/Saúde e não a própria Ciências, o que sugere que os estudantes dessas duas áreas também têm interesse em seguir carreiras científicas, pelo menos nos EUA. E, interessantemente, em números absolutos, a maior parte dos diplomas em Ciências foi concedido a mulheres e, quase o mesmo percentual de homens e mulheres que entraram querendo seguir a carreira científica, se diplomam em Ciências (43% homens e 46% mulheres), o que indica que, pelo menos nesta universidade, não se perdem preferencialmente mulheres ou homens pelo caminho dos que almejam a carreira científica. Os autores se referem a isso como um “percurso sem vazamento” para as carreiras científicas (non leaky pipeline).

Outro resultado curioso foi observado nos graduados nas Áreas não Científicas. Esses graduados, na sua grande maioria, é composto por 38% de mulheres que queriam Medicina ao entrar no college, ao passo que apenas 24% dos homens que queriam Medicina terminam por se graduar em Áreas não Científicas. Esse foi um dos resultados onde os autores encontraram as maiores diferenças de gênero. Ou seja, mais mulheres que queriam ser médicas acabam por se formar em psicologia, antropologia, história, filosofia etc.!

Para explicar essa diferença (gender gap), eles buscam respostas na “Hipótese da Força Relativa”, mencionada anteriormente. Por que mais mulheres que homens abandonam seus planos de serem médicas e acabam se diplomando em outras áreas não cientificas (mas, igualmente relevantes, gostaria de enfatizar!)?

Para tentar jogar luz nessa questão, os autores analisaram as notas dessas estudantes no SAT e nos exames das disciplinas do college (notas nas disciplinas em cursos de ciências versus notas em disciplinas de humanidades/ciências sociais para ver se havia diferença na performance). Curiosamente, as mulheres que migraram para as carreiras não científicas e que tinham a intenção no início do college de seguir medicina tiraram notas maiores nas disciplinas de artes/humanidades que nos cursos de ciências e apenas esse indicador mostrou correlação com essa nova escolha profissional. As notas do SAT dessas mulheres não mostraram qualquer correlação com a migração medicina carreira não científica. Isso indica que a boa performance das mulheres nesses cursos das humanidades pode estar influenciando na sua escolha de carreira. Ou seja, perceberam que são “fortes” nessas disciplinas abre novos leques de opção para as mulheres.

Enfim, o estudo é muito denso e repleto de análises interessantes sobre essa questão de gênero. Recomendo leitura. No entanto, não podemos extrapola-lo diretamente esses resultados para nossa realidade brasileira, até porque nosso sistema universitário é bem diferente e as escolhas profissionais se dão antes da entrada na universidade, havendo muito pouca mobilidade depois dessa escolha. Talvez seja necessário pensarmos sobre esse nosso engessamento. Até porque, conforme esse estudo revelou, muitos estudantes que entram na universidade almejando seguir carreira médica ou da saúde, terminam por se diplomar em Ciências conforme relatei.

Certamente, o Brasil precisa de bons médicos e profissionais de saúde. Mas, como cientista, vou puxar aqui a brasa para minha sardinha e terminar dizendo que seria ótimo podermos cooptar vários estudantes para engrossar as fileiras da ciência brasileira que anda tão desprestigiada e carente de recursos, mas que ainda tem muito que crescer e não pode esmorecer!

Ciência & Matemática – O Globo

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Como anda o Novo Ensino Médio?

JC Notícias – 16/01/2020

Como anda o Novo Ensino Médio?

Gestores estaduais de todas as regiões brasileiras relatam como anda o processo de construção do novo currículo e apontam as dificuldades de implementar as mudanças que deveriam começar agora em 2020. Especialistas confrontam o texto da reforma com a realidade das redes educacionais

Tudo começou em 2016, com uma medida provisória que, transformada em lei no ano seguinte, prometia reformar o ensino médio brasileiro. Mas isso foi no papel. Na prática, muita coisa deveria começar agora em 2020, prazo que a legislação estabeleceu para o início da implementação das mudanças. Entre um momento e outro, no entanto, várias outras coisas aconteceram. Guardando relação direta com a reforma, foram aprovadas em 2018 novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e foi publicada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para esse segmento. No campo político mais geral, foram eleitos 17 novos governadores, gerando mudanças na gestão do ente federativo que é justamente o responsável pela oferta do ensino médio. “A mudança de governo com certeza impactou esse processo de regulação [da reforma], especialmente onde houve troca de partido político porque as novas secretarias foram definindo prioridades locais que estavam nos seus planos de governo”, explica Monica Ribeiro, professora da Universidade Federal do Paraná e coordenadora da Rede Nacional de Pesquisa sobre Ensino Médio.

Esta, no entanto, está longe de ser a única dificuldade: carência orçamentária e ausência de normas são alguns dos obstáculos apontados pelos estados, que caminham a passos mais ou menos lentos na direção dessas mudanças. “Não há uma uniformidade entre os 27 estados”, resume Mônica. Foi para conferir como anda esse processo que, nesta primeira edição de 2020, a Poli entrevistou gestores, especialistas e representantes dos movimentos sindical e estudantil. O que você vai ler nas próximas páginas é um retrato aproximado de como andam essas mudanças Brasil afora. A ideia é entender o que avançou e o que anda emperrado em estados pobres e ricos, nas cinco regiões brasileiras.

Mas, afinal, qual é o prazo?  

A lei 13.415, da reforma, é clara em estabelecer, no seu artigo 12, que os sistemas de ensino deveriam montar o cronograma das mudanças no primeiro ano letivo após a publicação da BNCC – ou seja, em 2019 – e “iniciar o processo de implementação” no ano seguinte, 2020. A resolução nº 2 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que instituiu a Base, é ainda mais explícita, determinando que “a adequação dos currículos à BNCC deve ser efetivada preferencialmente até 2019 e, no máximo, até o início do ano letivo de 2020”. A questão é que, logo no artigo seguinte, o texto menciona uma parte do processo que não depende dos estados e que os gestores têm apontado quase como pré-condição para a adequação do currículo: as mudanças nas “avaliações de larga escala”. Isso porque o Novo Ensino Médio requererá também uma renovação no Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio. E o formato futuro dessa avaliação – que funciona como uma das principais portas de entrada ao ensino superior – deveria ter sido divulgado, no máximo, um ano após a publicação da Base. Mas, até o fechamento desta reportagem, em dezembro de 2019, nada tinha sido anunciado. “O CNE delegou ao MEC a definição do cronograma do Enem. Então, está todo mundo esperando isso para poder finalizar o cronograma de implementação”, diz Eduardo Deschamps, presidente da Comissão do Ensino Médio e da Comissão da BNCC no Conselho Nacional de Educação. O Superintendente de Educação do Mato Grosso do Sul, Helio Queiroz, estado que está relativamente avançado no desenho do currículo, testemunha: “Essa talvez seja hoje a maior dúvida que nós temos. Infelizmente, os estados e o [ensino] médio ainda vão a reboque do Enem”. Uma questão concreta, segundo ele, é a incerteza sobre o quanto de carga horária referente à Base oferecer em cada um dos três anos – uma decisão que a lei delegou aos sistemas de ensino, desde que no final se chegue a no máximo 1,8 mil horas e o conteú-do de português e matemática apareça em todos os anos. A insegurança, explica, está em mudar a distribuição da carga horária, encaixando mais formação básica do que dos itinerários no início do ensino médio, por exemplo, e depois o Enem – que é feito no terceiro ano – exigir boa parte desse conteúdo, que ficou lá atrás.

Deschamps explica que as datas estabelecidas na resolução do CNE – que começam em 2019 e vão até 2022 como prazo máximo para finalização – dizem respeito apenas à parte do currículo referente à BNCC e não ao Novo Ensino Médio como um todo. Isso porque a reforma definiu a divisão do currículo em duas partes: uma orientada pela BNCC e outra mais flexível, organizada a partir de itinerários formativos. Esta segunda parte, de acordo com o conselheiro, não tem prazo para ser finalizada. Segundo Deschamps, o MEC estaria preparando uma nota técnica para “orientar todas essas questões de prazo”. Procurado pela reportagem via assessoria de imprensa, o Ministério não respondeu à solicitação de entrevista nem às perguntas enviadas.

Leia na íntegra: EPSJV – Fiocruz

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Programa usa neurociência em ensino inovador de matemática

 

JC Notícias – 15/01/2020

Programa usa neurociência em ensino inovador de matemática

Desenvolvido na Universidade Stanford, o Youcubed traz abordagem baseada em estudos de neurociência que emprega ferramentas visuais, criatividade e colaboração no ensino e aprendizagem da matemática

Ainda há quem acredite que matemática é “um dom” ou que só pessoas muito inteligentes conseguem compreendê-la. Para desmistificar esta percepção, a pesquisadora de Educação Matemática Jo Boaler, da Universidade Stanford (EUA), desenvolveu o Youcubed. É uma abordagem baseada em estudos de neurociência que emprega ferramentas visuais, criatividade e colaboração no ensino e aprendizagem da matemática. No Brasil, o programa foi adaptado pelo Instituto Sidarta como Mentalidades Matemáticas e pretende demonstrar que todos são capazes de aprender matemática em alto nível.

A proposta de Jo Boaler é ensinar a “matemática multidimensional, como um assunto acessível e flexível. Os alunos podem trazer suas próprias ideias e aplicá-las para resolver os problemas matemáticos”. Em 2019, a pesquisadora e fundadora da plataforma Youcubed (que oferece vídeos, textos e atividades do programa) esteve no Brasil no 2º Seminário Mentalidades Matemáticas, apoiado pelo IMPA. A primeira edição do seminário, em 2018, teve as presenças do diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, e o diretor-adjunto, Claudio Landim. Os seminários são voltados para a formação dos professores.

A abordagem privilegia uma matemática visual, aberta e criativa, em que o erro é visto como natural, parte do processo de aprendizagem. “O erro é nosso amigo” é um mote do programa. Os professores usam materiais concretos e visuais e atuam como mediadores de conhecimento e de curiosidades, que ajudam os pupilos a desenvolver sua identidade matemática. Em grupos, os pequenos buscam soluções e descobrem que há muitos caminhos para resolver o mesmo problema matemático. Eles são os protagonistas: são eles que apresentam suas soluções à turma.

Colégio público dá salto em desempenho

A abordagem já está sendo aplicada, com resultados expressivos. O Mentalidades Matemáticas é uma realidade, desde 2017, na Escola Estadual Henrique Dumont Villares, no Jaguaré, em São Paulo. Os resultados do 3º ano deram considerável salto no SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). Após dois anos de aplicação, passaram de 16,7% para 52% dos alunos no nível “avançado”, entre 2016 e 2018. No total, 99% dos estudantes estavam nos níveis “avançado” e “adequado”. O 5º ano também saiu de 30,7% em nível avançado em 2017 para 42,8%, em 2018, após um ano com a metodologia.

“Sinto que estou me desenvolvendo, principalmente em Matemática”, conta Ray dos Santos, aluno da 3ª ano do Ensino Fundamental, que sonha ser advogado. Alagoano, ele mora em São Paulo há dois anos. “Antes, eu só lia os números, decorava, não contava. Hoje estou pensando matemática”, conclui Ray.

Em plenas férias de janeiro, 100 alunos de duas escolas públicas em Cotia (SP) estão trocando as brincadeiras pela sala de aula e  se divertindo aprendendo matemática no Curso de Férias do Programa Mentalidades Matemáticas. As atividades vão de 6 a 17 de janeiro, na Escola Municipal Prefeito Ivo Mario Isaac Pires, em Cotia (SP). Em curso semelhante nos EUA, realizado em 18 dias pela Universidade Stanford, as crianças tiveram evolução equivalente a 2,7 anos de ensino regular de matemática.

A professora Patrícia Schmidt já percebeu mudanças no comportamento. “Quando se cria uma relação de confiança, e os alunos ganham a autonomia, eles se transformam e se engajam muito mais”, explica.

Os estudantes trabalham em grupo para incentivar a cooperação no processo de aprendizagem. “Sempre tive dificuldades com matemática, minhas notas não são boas, na minha família ninguém gosta, mas aqui eu posso aprender e é divertido. Outra coisa que gostei é que posso dar minha opinião”, afirma Johanna Pereira, 10 anos.

Estudos contemporâneos de neurociência apontam que o cérebro cresce e muda continuamente. Das cinco áreas ativadas quando pensamos de forma matemática, duas estão no campo visual. Ao trabalhar com desenhos, imagens e proporções, exercita-se o cérebro em regiões pouco usadas no estudo da disciplina, o que reforça a compreensão.

Para Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, o MM ajuda a construir uma nova cultura matemática. “Hoje, professores e alunos afirmam que se sentem mais confiantes em relação à disciplina. A matemática não assusta mais. No lugar da ansiedade, problemas desafiadores atiçam a curiosidade dos jovens aprendizes que usam do seu raciocínio lógico e de sua criatividade para construírem possíveis soluções.”

Impa

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