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Villas Boas

Diferença de gênero na escola e nas carreiras científicas

JC Notícias – 21/01/2020

Diferença de gênero na escola e nas carreiras científicas

Artigo de Débora Foguel, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e conselheira da SBPC, para o blog Ciência & Matemática do jornal O Globo

Lendo uma matéria do Antonio Gois do Globo, lembrei-me de um artigo recentemente publicado na revista Science Education (Novembro, 2019, págs. 1-20), já que ambos trazem à superfície uma questão muito relevante: a disparidade de gênero em alguns aspectos da vida escolar e suas consequências para a história de cada um e para a escolha profissional.

O estudo brasileiro a que o Gois faz referência relata que, embora haja uma pequena diferença na nota dos meninos em matemática em relação a nota das meninas e uma maior diferença na nota das meninas em português em relação aos meninos no exame do Saresp (avaliação realizada pelo governo de São Paulo), quando se analisa as notas dadas pelos professores em sala de aula, as meninas recebem nas duas disciplinas notas maiores que os meninos. Isso, de certa, forma conflita com o resultado do Saresp, uma prova que sofre menos influência de outros fatores como o fator interpessoal, comportamental dentre outros . Talvez nada disso tivesse maior consequência, se, conforme apontado na matéria, as notas que um estudante tira impacta diretamente nas suas expectativas futuras e na sua autoestima, o que pode ser determinante na decisão de um estudante de abondar ou continuar os estudos.

No estudo da Science, Whitherspoon e Schunn procuraram investigar em que momento da vida escolar/universitária um(a) estudante americano(a) opta por seguir ou abandonar uma carreira científica e se há diferença de gênero nessa opção ao longo desse caminho. Antes de eu prosseguir, é importante lembrar que o sistema universitário americano, onde o estudo foi conduzido, é bem diferente do nosso e os estudantes, ao entrarem no college (similar a universidade), ainda não definiram que carreira específica seguir.

Também nos EUA, há exames nacionais que avaliam os estudantes antes de ingressarem na universidade (SAT- Scholastic Aptitude Test) e, curiosamente, lá também os meninos têm notas um pouco maiores em matemática e as meninas têm notas maiores em escrita/redação. Um dos pontos tratados no estudo da Science é se os estudantes utilizam essas notas como parâmetros ou indicadores, mesmo que inconscientes, para a escolha de suas carreiras mais tarde, no college. (Aqui não vamos aprofundar nessa questão da diferenças de notas entre meninos e meninas nas diferentes disciplinas, até porque já se sabe que essas diferenças não podem ser explicadas por questões biológicas ou habilidades cognitivas, mas, muito provavelmente, por questões socioculturais e históricas que, infelizmente, não tenho conhecimento para discorrer sobre as mesmas).

Mas, uma coisa curiosa é que as meninas que tiram as melhores notas em matemática também são as que têm maior probabilidade de tirarem melhores notas em redação que os meninos. Segundo os autores, trata-se da “Hipótese da Força Relativa”, que poderia explicar alguns dados levantados no estudo, conforme descreverei brevemente a seguir.

Os autores acompanharam 4345 estudantes que estavam fazendo sua graduação no college de Ciências e Artes e no college de Estudos Gerais, ambos associados a uma universidade americana. O estudo descreve a amostra em detalhes, mas por falta de espaço ressalto apenas que os estudantes são oriundos de famílias com renda mais elevada e, na sua maioria, são brancos. A ideia do estudo foi a registar a intenção de carreira desses estudantes quando do ingresso no college e, depois, analisar o tipo de diploma obtido por eles. Dessa forma, a ideia era saber se os estudantes mudam suas trajetórias ao longo do percurso e se essa mudança tem correlação com o gênero.

As intenções de carreira foram subdivididas em cinco áreas, a saber: Ciências (Biologia, Química, Neurociência, Física, Geologia etc.), Medicina (Pré-Medicina – nos EUA, a medicina é um curso universitário), Saúde (Farmácia, pré-Odontologia, Nutrição etc.), Áreas não Científicas (Psicologia, Pré-educação, Antropologia, História, Filosofia, Literatura, Música etc.) e Indecisos.

No primeiro conjunto de resultados, os autores analisaram qual o percentual de estudantes que se diplomaram em Ciências, independente da sua intenção de escolha de carreira no ato da matrícula. Vejamos os resultados que foram curiosos: Dos 100% que se diplomaram em Ciências, 41% tinham a intenção de seguir a carreira científica no ato da matrícula; 45% queriam Medicina/Saúde; 11% eram os indecisos e 3% queriam áreas não científicas. Ou seja, do total de graduados em Ciências, grande parte tinha como opção Medicina/Saúde e não a própria Ciências, o que sugere que os estudantes dessas duas áreas também têm interesse em seguir carreiras científicas, pelo menos nos EUA. E, interessantemente, em números absolutos, a maior parte dos diplomas em Ciências foi concedido a mulheres e, quase o mesmo percentual de homens e mulheres que entraram querendo seguir a carreira científica, se diplomam em Ciências (43% homens e 46% mulheres), o que indica que, pelo menos nesta universidade, não se perdem preferencialmente mulheres ou homens pelo caminho dos que almejam a carreira científica. Os autores se referem a isso como um “percurso sem vazamento” para as carreiras científicas (non leaky pipeline).

Outro resultado curioso foi observado nos graduados nas Áreas não Científicas. Esses graduados, na sua grande maioria, é composto por 38% de mulheres que queriam Medicina ao entrar no college, ao passo que apenas 24% dos homens que queriam Medicina terminam por se graduar em Áreas não Científicas. Esse foi um dos resultados onde os autores encontraram as maiores diferenças de gênero. Ou seja, mais mulheres que queriam ser médicas acabam por se formar em psicologia, antropologia, história, filosofia etc.!

Para explicar essa diferença (gender gap), eles buscam respostas na “Hipótese da Força Relativa”, mencionada anteriormente. Por que mais mulheres que homens abandonam seus planos de serem médicas e acabam se diplomando em outras áreas não cientificas (mas, igualmente relevantes, gostaria de enfatizar!)?

Para tentar jogar luz nessa questão, os autores analisaram as notas dessas estudantes no SAT e nos exames das disciplinas do college (notas nas disciplinas em cursos de ciências versus notas em disciplinas de humanidades/ciências sociais para ver se havia diferença na performance). Curiosamente, as mulheres que migraram para as carreiras não científicas e que tinham a intenção no início do college de seguir medicina tiraram notas maiores nas disciplinas de artes/humanidades que nos cursos de ciências e apenas esse indicador mostrou correlação com essa nova escolha profissional. As notas do SAT dessas mulheres não mostraram qualquer correlação com a migração medicina carreira não científica. Isso indica que a boa performance das mulheres nesses cursos das humanidades pode estar influenciando na sua escolha de carreira. Ou seja, perceberam que são “fortes” nessas disciplinas abre novos leques de opção para as mulheres.

Enfim, o estudo é muito denso e repleto de análises interessantes sobre essa questão de gênero. Recomendo leitura. No entanto, não podemos extrapola-lo diretamente esses resultados para nossa realidade brasileira, até porque nosso sistema universitário é bem diferente e as escolhas profissionais se dão antes da entrada na universidade, havendo muito pouca mobilidade depois dessa escolha. Talvez seja necessário pensarmos sobre esse nosso engessamento. Até porque, conforme esse estudo revelou, muitos estudantes que entram na universidade almejando seguir carreira médica ou da saúde, terminam por se diplomar em Ciências conforme relatei.

Certamente, o Brasil precisa de bons médicos e profissionais de saúde. Mas, como cientista, vou puxar aqui a brasa para minha sardinha e terminar dizendo que seria ótimo podermos cooptar vários estudantes para engrossar as fileiras da ciência brasileira que anda tão desprestigiada e carente de recursos, mas que ainda tem muito que crescer e não pode esmorecer!

Ciência & Matemática – O Globo

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Como anda o Novo Ensino Médio?

JC Notícias – 16/01/2020

Como anda o Novo Ensino Médio?

Gestores estaduais de todas as regiões brasileiras relatam como anda o processo de construção do novo currículo e apontam as dificuldades de implementar as mudanças que deveriam começar agora em 2020. Especialistas confrontam o texto da reforma com a realidade das redes educacionais

Tudo começou em 2016, com uma medida provisória que, transformada em lei no ano seguinte, prometia reformar o ensino médio brasileiro. Mas isso foi no papel. Na prática, muita coisa deveria começar agora em 2020, prazo que a legislação estabeleceu para o início da implementação das mudanças. Entre um momento e outro, no entanto, várias outras coisas aconteceram. Guardando relação direta com a reforma, foram aprovadas em 2018 novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e foi publicada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para esse segmento. No campo político mais geral, foram eleitos 17 novos governadores, gerando mudanças na gestão do ente federativo que é justamente o responsável pela oferta do ensino médio. “A mudança de governo com certeza impactou esse processo de regulação [da reforma], especialmente onde houve troca de partido político porque as novas secretarias foram definindo prioridades locais que estavam nos seus planos de governo”, explica Monica Ribeiro, professora da Universidade Federal do Paraná e coordenadora da Rede Nacional de Pesquisa sobre Ensino Médio.

Esta, no entanto, está longe de ser a única dificuldade: carência orçamentária e ausência de normas são alguns dos obstáculos apontados pelos estados, que caminham a passos mais ou menos lentos na direção dessas mudanças. “Não há uma uniformidade entre os 27 estados”, resume Mônica. Foi para conferir como anda esse processo que, nesta primeira edição de 2020, a Poli entrevistou gestores, especialistas e representantes dos movimentos sindical e estudantil. O que você vai ler nas próximas páginas é um retrato aproximado de como andam essas mudanças Brasil afora. A ideia é entender o que avançou e o que anda emperrado em estados pobres e ricos, nas cinco regiões brasileiras.

Mas, afinal, qual é o prazo?  

A lei 13.415, da reforma, é clara em estabelecer, no seu artigo 12, que os sistemas de ensino deveriam montar o cronograma das mudanças no primeiro ano letivo após a publicação da BNCC – ou seja, em 2019 – e “iniciar o processo de implementação” no ano seguinte, 2020. A resolução nº 2 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que instituiu a Base, é ainda mais explícita, determinando que “a adequação dos currículos à BNCC deve ser efetivada preferencialmente até 2019 e, no máximo, até o início do ano letivo de 2020”. A questão é que, logo no artigo seguinte, o texto menciona uma parte do processo que não depende dos estados e que os gestores têm apontado quase como pré-condição para a adequação do currículo: as mudanças nas “avaliações de larga escala”. Isso porque o Novo Ensino Médio requererá também uma renovação no Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio. E o formato futuro dessa avaliação – que funciona como uma das principais portas de entrada ao ensino superior – deveria ter sido divulgado, no máximo, um ano após a publicação da Base. Mas, até o fechamento desta reportagem, em dezembro de 2019, nada tinha sido anunciado. “O CNE delegou ao MEC a definição do cronograma do Enem. Então, está todo mundo esperando isso para poder finalizar o cronograma de implementação”, diz Eduardo Deschamps, presidente da Comissão do Ensino Médio e da Comissão da BNCC no Conselho Nacional de Educação. O Superintendente de Educação do Mato Grosso do Sul, Helio Queiroz, estado que está relativamente avançado no desenho do currículo, testemunha: “Essa talvez seja hoje a maior dúvida que nós temos. Infelizmente, os estados e o [ensino] médio ainda vão a reboque do Enem”. Uma questão concreta, segundo ele, é a incerteza sobre o quanto de carga horária referente à Base oferecer em cada um dos três anos – uma decisão que a lei delegou aos sistemas de ensino, desde que no final se chegue a no máximo 1,8 mil horas e o conteú-do de português e matemática apareça em todos os anos. A insegurança, explica, está em mudar a distribuição da carga horária, encaixando mais formação básica do que dos itinerários no início do ensino médio, por exemplo, e depois o Enem – que é feito no terceiro ano – exigir boa parte desse conteúdo, que ficou lá atrás.

Deschamps explica que as datas estabelecidas na resolução do CNE – que começam em 2019 e vão até 2022 como prazo máximo para finalização – dizem respeito apenas à parte do currículo referente à BNCC e não ao Novo Ensino Médio como um todo. Isso porque a reforma definiu a divisão do currículo em duas partes: uma orientada pela BNCC e outra mais flexível, organizada a partir de itinerários formativos. Esta segunda parte, de acordo com o conselheiro, não tem prazo para ser finalizada. Segundo Deschamps, o MEC estaria preparando uma nota técnica para “orientar todas essas questões de prazo”. Procurado pela reportagem via assessoria de imprensa, o Ministério não respondeu à solicitação de entrevista nem às perguntas enviadas.

Leia na íntegra: EPSJV – Fiocruz

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Programa usa neurociência em ensino inovador de matemática

 

JC Notícias – 15/01/2020

Programa usa neurociência em ensino inovador de matemática

Desenvolvido na Universidade Stanford, o Youcubed traz abordagem baseada em estudos de neurociência que emprega ferramentas visuais, criatividade e colaboração no ensino e aprendizagem da matemática

Ainda há quem acredite que matemática é “um dom” ou que só pessoas muito inteligentes conseguem compreendê-la. Para desmistificar esta percepção, a pesquisadora de Educação Matemática Jo Boaler, da Universidade Stanford (EUA), desenvolveu o Youcubed. É uma abordagem baseada em estudos de neurociência que emprega ferramentas visuais, criatividade e colaboração no ensino e aprendizagem da matemática. No Brasil, o programa foi adaptado pelo Instituto Sidarta como Mentalidades Matemáticas e pretende demonstrar que todos são capazes de aprender matemática em alto nível.

A proposta de Jo Boaler é ensinar a “matemática multidimensional, como um assunto acessível e flexível. Os alunos podem trazer suas próprias ideias e aplicá-las para resolver os problemas matemáticos”. Em 2019, a pesquisadora e fundadora da plataforma Youcubed (que oferece vídeos, textos e atividades do programa) esteve no Brasil no 2º Seminário Mentalidades Matemáticas, apoiado pelo IMPA. A primeira edição do seminário, em 2018, teve as presenças do diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, e o diretor-adjunto, Claudio Landim. Os seminários são voltados para a formação dos professores.

A abordagem privilegia uma matemática visual, aberta e criativa, em que o erro é visto como natural, parte do processo de aprendizagem. “O erro é nosso amigo” é um mote do programa. Os professores usam materiais concretos e visuais e atuam como mediadores de conhecimento e de curiosidades, que ajudam os pupilos a desenvolver sua identidade matemática. Em grupos, os pequenos buscam soluções e descobrem que há muitos caminhos para resolver o mesmo problema matemático. Eles são os protagonistas: são eles que apresentam suas soluções à turma.

Colégio público dá salto em desempenho

A abordagem já está sendo aplicada, com resultados expressivos. O Mentalidades Matemáticas é uma realidade, desde 2017, na Escola Estadual Henrique Dumont Villares, no Jaguaré, em São Paulo. Os resultados do 3º ano deram considerável salto no SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). Após dois anos de aplicação, passaram de 16,7% para 52% dos alunos no nível “avançado”, entre 2016 e 2018. No total, 99% dos estudantes estavam nos níveis “avançado” e “adequado”. O 5º ano também saiu de 30,7% em nível avançado em 2017 para 42,8%, em 2018, após um ano com a metodologia.

“Sinto que estou me desenvolvendo, principalmente em Matemática”, conta Ray dos Santos, aluno da 3ª ano do Ensino Fundamental, que sonha ser advogado. Alagoano, ele mora em São Paulo há dois anos. “Antes, eu só lia os números, decorava, não contava. Hoje estou pensando matemática”, conclui Ray.

Em plenas férias de janeiro, 100 alunos de duas escolas públicas em Cotia (SP) estão trocando as brincadeiras pela sala de aula e  se divertindo aprendendo matemática no Curso de Férias do Programa Mentalidades Matemáticas. As atividades vão de 6 a 17 de janeiro, na Escola Municipal Prefeito Ivo Mario Isaac Pires, em Cotia (SP). Em curso semelhante nos EUA, realizado em 18 dias pela Universidade Stanford, as crianças tiveram evolução equivalente a 2,7 anos de ensino regular de matemática.

A professora Patrícia Schmidt já percebeu mudanças no comportamento. “Quando se cria uma relação de confiança, e os alunos ganham a autonomia, eles se transformam e se engajam muito mais”, explica.

Os estudantes trabalham em grupo para incentivar a cooperação no processo de aprendizagem. “Sempre tive dificuldades com matemática, minhas notas não são boas, na minha família ninguém gosta, mas aqui eu posso aprender e é divertido. Outra coisa que gostei é que posso dar minha opinião”, afirma Johanna Pereira, 10 anos.

Estudos contemporâneos de neurociência apontam que o cérebro cresce e muda continuamente. Das cinco áreas ativadas quando pensamos de forma matemática, duas estão no campo visual. Ao trabalhar com desenhos, imagens e proporções, exercita-se o cérebro em regiões pouco usadas no estudo da disciplina, o que reforça a compreensão.

Para Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, o MM ajuda a construir uma nova cultura matemática. “Hoje, professores e alunos afirmam que se sentem mais confiantes em relação à disciplina. A matemática não assusta mais. No lugar da ansiedade, problemas desafiadores atiçam a curiosidade dos jovens aprendizes que usam do seu raciocínio lógico e de sua criatividade para construírem possíveis soluções.”

Impa

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Quando o cérebro aprende matemática

 

JC Notícias – 09/01/2020

Quando o cérebro aprende matemática

A matemática, como a leitura e a escrita, é uma habilidade cognitiva muito recente, e por isso só pode ser explicada como um resultado da cultura possibilitada pela plasticidade cerebral”, comenta Roberto Lent, professor emérito da UFRJ, em artigo para o jornal O Globo

Aprender matemática é difícil para qualquer criança. É diferente da fala, considerada unanimemente pelos neurocientistas como uma habilidade humana inata, possibilitada pela evolução do cérebro dos primatas. A matemática, como a leitura e a escrita, é uma habilidade cognitiva muito recente, e por isso só pode ser explicada como um resultado da cultura possibilitada pela plasticidade cerebral, isto é, a “adaptação” dos circuitos neurais por meio da aprendizagem.

O esforço cognitivo que a criança realiza para aprender matemática, portanto, é maior do que para falar, e envolve muitas áreas cerebrais conectadas em redes. Muitas regiões cerebrais são mobilizadas para aprender o significado dos números ou a relação entre eles. O número 5 significa um certo número de objetos à sua frente. O número 1 representa um único objeto. Esse é o significado dos números: representar quantidades. Já compreender que 5 é maior que 1, no entanto, é um pouco mais difícil. Neste caso trata-se de uma relação entre os números. E quando os números são altos, aí mesmo é que tudo fica mais difícil: 1.564 representa uma grande quantidade de objetos, maior que 1.562 e menor que 1.607.

Leia na íntegra: O Globo

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ELEIÇÃO DE DIRETORES: IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

 

ELEIÇÃO DE DIRETORES:

IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Enílvia R. Morato Soares

Veiga (1995, p.18) nos ensina que “a participação democrática implica principalmente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua socialização”. Socializar o poder no âmbito das escolas passa, portanto, por conceder a pais, estudantes, professores e demais profissionais a possibilidade de participar ativamente do trabalho que nesse espaço se desenvolve, incluindo a escolha dos principais responsáveis por sua organização e condução.

Dentre as diferentes formas utilizadas para o provimento do cargo de diretor escolar (eleição, nomeação e concurso), a eleição é a que melhor atende aos propósitos de democratizar relações no interior das escolas. Embora não garanta, por si só, práticas democráticas de gestão, a escolha do diretor constitui impulsionador da constituição de um ambiente participativo, contribuindo para o declínio de resoluções tomadas de forma autoritária. Busca-se, dessa forma, romper com a cultura da obediência passiva, que muito comumente se observa no interior das escolas, e estimula a construção de aprendizagens de submissão e aceitação acrítica do que está posto.Continue a ler »ELEIÇÃO DE DIRETORES: IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO