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Villas Boas

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: ENTRE CONTROVÉRSIA E RESISTÊNCIA

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: ENTRE CONTROVÉRSIA E RESISTÊNCIA

Profa. Dra. Sílvia Lúcia Soares

 

A Base Nacional Comum Curricular está prevista no artigo 26 da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394) e no Plano Nacional de Educação (PNE) em sua meta 7: “fomentar a qualidade da Educação Básica, do fluxo escolar e da aprendizagem”. Entre outras medidas ela vai determinar um currículo mínimo para todos os alunos das 190 mil escolas de educação básica do país. O prazo para o documento estar finalizado é junho de 2016 e sua redação deverá impactar o planejamento das escolas, a formação inicial dos docentes, o sistema de avaliação e os materiais didáticos.

A Base Nacional Comum Curricular (BNC) envolve questões polêmicas sobre a educação, o que não deixa de gerar controvérsia e resistência sobre seu conteúdo. Entre os pontos levantados pelo Grupo de Pesquisa Interinstitucional (EMpesquisa), que agrega pesquisadores da Unicamp, da USP, da UFPR, da UFRGS, da UFMG e da UFF estão: a) a percepção de que a necessidade de uma base comum serve mais para legitimar/justificar/viabilizar as avaliações em larga escala (IDEB, Prova Brasil, ENEM); b) a racionalização da produção de materiais didáticos mais do que está voltada para algum propósito de melhoria da qualidade do ensino; c) o receio de que um currículo mínimo vire, na prática, o máximo que será trabalhado pela escola, promovendo um indesejável reducionismo educacional.Continue a ler »BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: ENTRE CONTROVÉRSIA E RESISTÊNCIA

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Política Educacional e Base Nacional – final

Publicado em 18/09/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Ter uma base nacional comum é possível e desejável, na dependência do que queiramos fazer com ela. Se é para se ter uma referência que dê parâmetros para as escolas (combinando conteúdos e níveis de complexidade de desempenho), tudo bem. Se é para responsabilizar escolas, impor uma cultura padrão sobre outras culturas, punir ou premiar professores, trocar diretores, pagar bônus, credenciar professores, orientar grandes conglomerados empresariais a produzir material didático, privatizar, engessar a formação de professores e outras ideias já testadas em outros lugares e que destruíram por lá o sistema público de educação, então a resposta é não.

Daí porque é importante discutir, primeiro, o que é uma boa educação e ter uma política educacional que acolha tal base de forma adequada. Invertemos e vamos pagar um preço alto por isso, nos dando conta, no momento seguinte, que a política educacional não foi adequadamente definida, pois estava baseada em conceitos equivocados de pressão sobre as escolas e seus profissionais, oriundos da área dos negócios. Décadas poderão passar até que saiamos deste beco, como é o caso de outros países nesta situação.Continue a ler »BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

NOVO ALUNO OU NOVO ESTUDANTE?

Novo aluno ou novo estudante?

Publicado em 12/09/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Esta semana estivemos no Educação 360, evento promovido pelas Organizações Globo. O tema de nosso debate com o Prof. Mozart Ramos Neves do Instituto Airton Senna, mediado por Antonio Gois, jornalista de O Globo, foi: “Novo aluno, velho aluno: o papel das competências socioemocionais”.

Antes de nosso debate, como cheguei antes, assisti a bela exposição do pessoal da Finlândia sobre as reformas educacionais naquele pais: coisa de dar inveja. Uma frase lapidar ante perguntas sobre avaliação que rolaram logo após sua exposição e que foi dita pela expositora: “Nós não inspecionamos nossas escolas”.

A linha geral de análise que pude desenvolver nos 20 minutos disponíveis, nem sempre de forma clara, foi a seguinte:Continue a ler »NOVO ALUNO OU NOVO ESTUDANTE?

PROGRAMA POR DENTRO DOS EXAMES DO ENSINO MÉDIO: A QUEM BENEFICIA?

PROGRAMA POR DENTRO DOS EXAMES DO ENSINO MÉDIO:

A QUEM BENEFICIA?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Assim que foram divulgados os resultados do ENEM 2014, por escola, em agosto de 2015, o secretário de Educação do DF anunciou, em um canal de televisão, a criação de um teste simulado do ENEM para os estudantes da rede de ensino público. Isso aconteceu porque esses estudantes obtiveram notas baixas e a imprensa fez o ranqueamento das escolas. Eu esperava ouvir dele o anúncio de iniciativas imediatas de formulação de ações voltadas para a conquista das aprendizagens por todos os estudantes do ensino médio, etapa costumeiramente desprestigiada em todo o país.

Uma reportagem do Correio Braziliense de 11 de agosto de 2015, com o título “Escola da malandragem”, de autoria de Renato Alves, denuncia artimanhas de escolas da rede privada para alcançarem as melhores notas no ENEM. O título faz alusão a um fato inadmissível principalmente por se referir ao local de formação dos nossos adolescentes e jovens. Afirma o articulista: “em todo o país, colégios privados selecionam os alunos que acreditam ser os mais capacitados, com base nas notas deles, e os colocam em uma sala separada. Mesmo sendo no mesmo prédio, na mesma instituição, criam outras escolas, com CNPJ específico”. Esta é uma das aprendizagens com a qual convivem nossos jovens.Continue a ler »PROGRAMA POR DENTRO DOS EXAMES DO ENSINO MÉDIO: A QUEM BENEFICIA?

SEATLE: SOMOS NÓS AMANHÃ

Seattle: somos nós amanhã

Publicado em 09/09/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Os professores da Associação dos Educadores de Seattle (USA) decretaram greve por unanimidade. A foto do SeattleEducation é impressionante:

Ao impormos as políticas dos reformadores empresariais aos professores de Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Minas, São Paulo entre outros estados, estamos apenas introduzindo políticas que nos transformarão em muitas Seattles no Brasil, uma enorme energia que poderia ser gasta de outra forma, por exemplo, na própria construção da educação pública brasileira baseando-se em princípios de responsabilização participativa.Continue a ler »SEATLE: SOMOS NÓS AMANHÃ

AVALIAÇÃO EM DEBATE IV – PROVINHA BRASIL: SINGULARIDADES E SIMILARIDADES

AVALIAÇÃO EM DEBATE IV

Provinha Brasil: singularidades e similaridades

Enílvia Rocha Morato Soares

 

 

 

O destaque dado aos exames externos nas últimas décadas, tomando-os como a panaceia capaz de promover a qualidade da educação, demonstrou ser positivo ao trazer à tona questões que despertam forte interesse por reflexões e debates sobre o assunto. Com o propósito de abrir espaços de discussão em torno da temática, o GEPA realizou, uma semana após o Avaliação em Debate III, o 4º encontro da série.

O Avaliação em Debate IV aconteceu no dia 03 de setembro, das 8h30 às 11h30, na sala Papirus da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília e contou com a especial participação da Profa. Dra. Elisângela Teixeira Gomes Dias, que nos presenteou com a apresentação de sua pesquisa realizada recentemente no curso de Doutoramento intitulada “Provinha Brasil e Regulação: Implicações para a Organização do Trabalho Pedagógico”.

O trabalho investigativo trouxe contribuições que transitam desde a forma como são pensados e organizados os testes em larga escala, neste caso, a Provinha Brasil, até os impactos por eles causados na organização do trabalho pedagógico realizado pelos professores em sala de aula e por toda a escola. Entre os achados da pesquisa podem ser destacados:Continue a ler »AVALIAÇÃO EM DEBATE IV – PROVINHA BRASIL: SINGULARIDADES E SIMILARIDADES

AVALIAÇÃO EM DEBATE III: SÍNTESE E CONTRIBUIÇÕES

AVALIAÇÃO EM DEBATE III: síntese e contribuições

Enílvia Rocha Morato Soares

Integrante do GEPA

 

O Grupo de Pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico – GEPA – realizou, no dia 26 de agosto de 2015, de 8h30 às 10h30, na sala Papirus da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, mais um “Avaliação em Debate”. Este foi o terceiro encontro organizado pela equipe com o objetivo de discutir temáticas relacionadas à avalição educacional e construir entendimentos que possam contribuir para que a prática avaliativa formativa venha a constituir uma realidade na organização do trabalho pedagógico de todas as nossas escolas.

A iniciativa de reunir pessoas, de alguma forma envolvidas com a educação, para o estudo de questões que tratam da avaliação, nasceu do resultado de pesquisas realizadas pelo Grupo, que apontam a hegemonia e a naturalização de concepções avaliativas pautadas na ideia de formação centrada no ensino, e este, realizado de forma homogênea e excludente. O uso da avaliação como meio de medir conhecimentos e classificar estudantes tem sido prática comum entre aqueles que compartilham tais representações.Continue a ler »AVALIAÇÃO EM DEBATE III: SÍNTESE E CONTRIBUIÇÕES

PERNAMBUCO: ATRASO PEDAGÓGICO INÉDITO

Pernambuco: atraso pedagógico inédito

Publicado em 23/08/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

É surpreendente que um dos Estados destacados do nordeste (que nos brindou com um dos mestres mais respeitados mundialmente, Paulo Freire) esteja sendo vítima de um grave atraso pedagógico que marcará gerações de professores e estudantes. O site da Secretaria da Educação do Estado de Pernambuco divulgou um novo sistema de controle da atividade didática do professor e de registro de frequência dos alunos. Trata-se da recriação de procedimentos de controle que já se julgavam superados desde que o tecnicismo pedagógico perdeu força ainda nos anos 70. Chamam-no de “Sistema de Fortalecimento das Aprendizagens”:

“A ação de Fortalecimento das Aprendizagens tem como principal objetivo apoiar os estudantes do ensino fundamental, anos finais, e do ensino médio da Rede a fim de que os mesmos melhorem seu desempenho escolar e superem as principais dificuldades referentes à aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática.Continue a ler »PERNAMBUCO: ATRASO PEDAGÓGICO INÉDITO

FALTA DE VERBA CANCELA A ANA

Falta de verba cancela a ANA

Publicado em 19/08/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Preferiram cancelar a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) que tem formato censitário (ou seja, é aplicada a todas as escolas) a fazê-la amostral (ou seja aplicada a um grupo de escolas menor mas representativo). Seria muito mais barato. As avaliações da educação básica não precisam ser censitárias (e caras) para orientar política pública. Basta que se façam avaliações amostrais e pode-se perfeitamente, com isso, ter uma ideia adequada de como está o desenvolvimento da educação básica.

Ocorre que em seu formato amostral, não se pode fazer rankings de escolas e nem controlar as escolas uma a uma, com políticas de responsabilização. Para este propósito, só fazendo avaliação censitária. E como a opção é pelo controle, então não se aceitam avaliações amostrais no INEP. Por falta de verbas, o governo preferiu cancelar a avaliação e ficar sem nenhum parâmetro, a ter uma avaliação amostral. O INEP, órgão que deveria assessorar o MEC nestas decisões, preferiu não abrir precedentes e ser fiel à sua opção pelas políticas de responsabilização verticais.Continue a ler »FALTA DE VERBA CANCELA A ANA

PREPARANDO PARA TESTES

Preparando para testes

Publicado em 19/08/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Um dos efeitos dramáticos dos exames externos sobre a escola (ENEM, Prova Brasil, etc.) é o tempo roubado do ensino e destinado ao treinamento para provas. O aspecto formativo cede espaço (e dinheiro) para simples treino com finalidade de se sair bem nos testes. Os testes medem mais esta preparação do que o próprio conhecimento do aluno – além, é claro, de seu posicionamento social.

Como relatam duas reportagens, nas escolas particulares isso já é realidade. Em uma delas se lê que estas escolas contratam corretores externos para analisar as redações escolares de seus alunos.

“O Colégio Pentágono, em Perdizes, zona oeste da capital, é um dos que contratam corretores externos para tornar a análise mais próxima do que acontece no exame real. “Quando o próprio professor avalia, há um vínculo afetivo com o aluno. Se chamamos uma pessoa de fora, a correção fica mais isenta”, explica o diretor pedagógico, Cláudio Giardino”.Continue a ler »PREPARANDO PARA TESTES

WHY I AM NO LONGER A MEASUREMENT SPECIALIST

Why I Am No Longer a Measurement Specialist

 

Posted: 17 Aug 2015 04:00 PM PDT by Gene V Glass

 

I was introduced to psychometrics in 1959. I thought it was really neat.

By 1960, I was programming a computer on a psychometrics research project funded by the Office of Naval Research. In 1962, I entered graduate school to study educational measurement under the top scholars in the field.

My mentors – both those I spoke with daily and those whose works I read – had served in WWII. Many did research on human factors — measuring aptitudes and talents and matching them to jobs. Assessments showed who were the best candidates to be pilots or navigators or marksmen. We were told that psychometrics had won the war; and of course, we believed it.

The next wars that psychometrics promised it could win were the wars on poverty and ignorance. The man who led the Army Air Corps effort in psychometrics started a private research center. (It exists today, and is a beneficiary of the millions of dollars spent on Common Core testing.) My dissertation won the 1966 prize in Psychometrics awarded by that man’s organization. And I was hired to fill the slot recently vacated by the world’s leading psychometrician at the University of Illinois. Psychometrics was flying high, and so was I.Continue a ler »WHY I AM NO LONGER A MEASUREMENT SPECIALIST

PAIS RESISTEM AOS TESTES

Nova York: pais resistem aos testes

Publicado em 17/08/2015 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

Carolyn Thompson informa que cerca de 20% dos estudantes do terceiro ao oitavo ano de escolaridade do Estado de Nova York recusaram-se a fazer os testes estaduais de Inglês e Matemática. A informação é da Secretaria da Educação do Estado que divulgou os resultados da última avaliação realizada. As pontuações tiveram apenas um ligeiro aumento no desempenho global dos estudantes.

Em números, foram 900 mil alunos que fizeram o teste e 200 mil que se recusaram a fazer o teste, valendo-se da lei “opt out” que permite que os pais determinem se os filhos devem ou não realizar testes de larga escala. O resultado dos “opt outs” foi considerado um sucesso para os movimentos de resistência aos testes dentro dos Estados Unidos que consideram que há excessiva dependência de testes no estado.

No ano anterior, houve apenas 5% de “opt outs” o qual saltou, agora, para 20%.Continue a ler »PAIS RESISTEM AOS TESTES

ENEM 2014: PERCEPÇÃO DO ÓBVIO

ENEM 2014: PERCEPÇÃO DO ÓBVIO

Profa. Mestre Enílvia Rocha Morato Soares

 

Estamos mais uma vez vivendo a costumeira avalanche de manchetes que acompanham a divulgação dos resultados do ENEM, que suscita sentimentos que transitam entre a indignação pela má qualidade do ensino brasileiro até a alegria de constatar que ainda é possível contar com escolas que, em meio ao caos, se destacam pelos bons resultados que alcançam.

A novidade deste ano fica por conta da nova roupagem dada aos rankings pelo MEC e pelo INEP, ao apresentarem fatores que podem estar influenciando os índices que colocaram escolas no “top 20”do ENEM, ou seja, que ficaram entre as 20 escolas que obtiveram as melhores notas no Exame realizado em 2014.Continue a ler »ENEM 2014: PERCEPÇÃO DO ÓBVIO

O QUE (NÃO) REVELA O ENEM?

O QUE (NÃO) REVELA O ENEM?

Profa. Dra. Elisângela Teixeira Gomes Dias

Criado em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um teste de caráter voluntário, oferecido anualmente aos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio, e tem diferentes funções. Além de ser utilizado como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais e como requisito para obtenção de bolsas de estudos integrais ou parciais em cursos de graduação ou cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), este ano passou a possibilitar ou não o acesso do estudante ao Financiamento Estudantil – FIES. Pode ser utilizado ainda para fins de certificação de conclusão do ensino médio, ou mesmo como um instrumento de autoavaliação para quem deseja saber como está seu desempenho considerando o conjunto dos alunos.

O que revelam os dados gerados neste exame? Como são publicizados, interpretados e difundidos? Não temos a intenção de analisar em profundidade tais questionamentos, mas levantamos o debate em torno de alguns aspectos.Continue a ler »O QUE (NÃO) REVELA O ENEM?

ESCOLA MAIOR TENDE A SER MELHOR PARA A FORMAÇÃO, DIZ MINISTRO

Folha de São Paulo, 9 de agosto de 2015

http://www.1.folha.uol.com.br

ESCOLA MAIOR TENDE A SER MELHOR PARA A FORMAÇÃO, DIZ MINISTRO

Entrevista com Renato Janine Ribeiro

Divulgados na semana passada, os resultados do Enem trazem atualmente diversas informações além das notas. Para o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, os pais devem estar especialmente atentos ao tamanho das escolas.

“Tendo a dizer: procure uma escola maior. Ali, seu filho terá contato com pessoas mais diferentes entre si”, disse o ministro à Folha.

A decisão não é simples, porque os colégios com as melhores notas no Enem costumam ser pequenos (os quatro primeiros têm entre 31 e 60 estudantes no final do ensino médio).

A seguir, a entrevista com o ministro, que falou também sobre medidas que devem ser adotadas para melhorar o ensino médio e o peso da desigualdade social nas notas. Continue a ler »ESCOLA MAIOR TENDE A SER MELHOR PARA A FORMAÇÃO, DIZ MINISTRO

ENEM: PARA QUÊ?

ENEM: PARA QUÊ?

Profa. Dra. Sílvia Lúcia Soares

Presenciamos, mais uma vez, a divulgação do resultado do ENEM à sociedade, da qual emergiram opiniões, principalmente da mídia, atrelando o desempenho dos estudantes à qualidade da educação brasileira. Concomitantemente aos dados obtidos, propagaram-se análises que, na maioria das vezes, estão assentadas no senso comum sem o devido trato político-pedagógico e diálogo com a realidade das escolas e dos estudantes. Além do mais, vimos também veiculados pelos meios de comunicação depoimentos de gestores da área de educação com interpretações de cunho estatístico e suposições pedagógicas expostas de forma desconexa e desgarrada de uma análise mais ampla – os condicionantes sociais, políticos e econômicos que influenciam e são influenciados pela avaliação. Posturas como essas ajudam a reforçar concepções ingênuas e desprovidas de análise mais aprofundada sobre os aspectos nocivos e excludentes da avaliação.Continue a ler »ENEM: PARA QUÊ?

O ENEM PEDE REAÇÃO DO MEC

Editorial: O Enem pede reação do MEC

07 de agosto de 2015

“Resultados confirmam deficiência da escola pública”, afirma jornal

Fonte: Estado de Minas (MG)

O Exame Nacional do Ensino médio (Enem) foi criado em 1998 com o objetivo claro. Visava avaliar o desempenho dos estudantes que caminhavam rumo à universidade. Passados 17 anos, o teste tomou novos rumos. Pouco a pouco, tornou-se passaporte para ingresso no nível superior. Em outras palavras: substituiu o velho e criticado vestibular.

Apesar de não constar do DNA da prova, a análise da Escola ganhou espaço que desvia a atenção de pais, estudantes, especialistas e autoridades. A preocupação com o ranking levou para o segundo plano (ou para o esquecimento) ações impostas pelos resultados. O Ministério da Educação (MEC) deixa de fazer o que precisa ser feito.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tem a função de avaliar os estudantes. Aplica a prova e divulga o resultado. A atribuição do órgão acaba aí. Cabe ao MEC ir adiante — conjugar o verbo interferir. Com o diagnóstico em mão, promover ações aptas a qualificar os Professores e melhorar o Ensino.Continue a ler »O ENEM PEDE REAÇÃO DO MEC

A AGENDA URGENTE DO BRASIL

Renato Janine Ribeiro, Luiz Cláudio Costa e Binho Marques

Folha de São Paulo, 5/8/2015

A agenda urgente do Brasil

O MEC tem convicção de que a sociedade brasileira exige e merece uma cooperação federativa mais orgânica e efetiva para a educação

O Plano Nacional de Educação (PNE), amplamente debatido pela sociedade, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidenta da República, determina a instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE). O PNE determinou a instituição desse sistema justamente para articular e dar coerência à educação em nosso país.

Apesar dos avanços nas últimas décadas, ainda há muito que fazer. Descontinuidade, fragmentação e descompasso entre as esferas de governo, além de, principalmente, ausência de referenciais nacionais de qualidade capazes de orientar a ação supletiva da União são visíveis, especialmente na educação básica.

Alimentados pelos princípios ainda atuais do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, cujas linhas defendem uma educação de qualidade pública, gratuita e laica, chegamos aos dias de hoje premidos pela certeza de que a sociedade brasileira exige e merece uma cooperação federativa mais orgânica e efetiva para a educação.Continue a ler »A AGENDA URGENTE DO BRASIL

DESEMPENHO ESCOLAR MELHORA, DIZ ESTUDO DA UNESCO

30.07.2015 – UNESCO Office in Brasilia

Desempenho escolar melhora, mas desigualdades afetam a aprendizagem na América Latina, revela estudo TERCE da UNESCO

A segunda entrega dos resultados desta pesquisa sobre o desempenho da aprendizagem indica avanços em quase todos os países participantes, mas a maioria dos estudantes ainda apresenta baixos níveis de habilidades em linguagem (leitura e escrita), matemática e ciências naturais.

 

O estudo inclui a influência de fatores associados à aprendizagem, como status socioeconômico, apoio das famílias, atendimento prévio à educação pré-escolar, pertencimento a populações nativas (autóctones), práticas de ensino, múltiplas formas de violência, entre outras circunstâncias que mais afetam a aprendizagem das crianças na região.

Uma nova rodada de divulgação de resultados do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (TERCE), coordenado pelo Escritório Regional de Educação da UNESCO para América Latina e o Caribe (OREALC/UNESCO Santiago), apresenta, nesta quinta-feira (30/07/2015), dados sobre o processo de aprendizagem dos estudantes da região e um novo relatório sobre os fatores associados a esse processo. O estudo confirma os avanços e os desafios na superação da crise da aprendizagem que afeta, sobretudo, os mais vulneráveis nos países latino-americanos.

Os resultados provêm de uma grande amostra representativa que envolveu mais de 134 mil crianças do ensino fundamental (no Brasil, do 4º ao 7º ano; nos demais países, da 3a à 6a série) de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, bem como do estado mexicano de Nuevo León que, em 2013, realizaram os testes nas disciplinas de linguagem (leitura e escrita), matemática e ciências naturais.Continue a ler »DESEMPENHO ESCOLAR MELHORA, DIZ ESTUDO DA UNESCO

PAIS INFLUENCIAM MAIS O DESEMPENHO DOS ALUNOS DO QUE A INFRAESTRUTURA DA ESCOLA

Pais influenciam mais o desempenho dos alunos do que a infraestrutura das escola

30 de julho de 2015
De acordo com estudo, no Brasil, o desempenho dos estudantes melhora quando os pais acompanham os resultados obtidos na escola, apoiam e chamam atenção dos filhos

 

Fonte: Agência Brasil

O envolvimento dos pais e o nível socioeconômico das famílias têm maior influência no desempenho dos estudantes do ensino fundamental no Brasil do que a infraestrutura das escolas e o fato de estarem localizadas no campo ou na cidade.

É o que aponta o Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), lançado hoje (30) pelo Escritório Regional de Educação da Unesco para a América Latina e o Caribe. O estudo também considera a disponibilidade de material escolar e a pontualidade dos professores como fatores que melhoram o desempenho.

“Não se observam diferenças de desempenho entre escolas urbanas públicas, urbanas privadas, nem rurais, depois de considerar todos os fatores de contexto social, de aula e escolares. O mesmo acontece com a infraestrutura, que não mostra relações significativas com o desempenho”, diz o estudo.

O Terce avalia o desempenho escolar no ensino fundamental – do 4º ao 7º ano do ensino fundamental, no Brasil; e da 3º à 6º série, nos demais países – em matemática, linguagem (leitura e escrita) e ciências naturais. Os primeiros resultados do Terce foram divulgados no ano passado. Nesta divulgação, o estudo incluiu os fatores associados à aprendizagem em cada país.

De acordo com o estudo, no Brasil, o desempenho dos estudantes melhora quando os pais acompanham os resultados obtidos na escola, apoiam e chamam atenção dos filhos. O desempenho, no entanto, piora, quando os pais supervisionam e ajudam sempre nas tarefas escolares, tirando a autonomia dos filhos.

Os pais também são importante para incentivar, independentemente das condições sociais e econômicas. Segundo o estudo, os estudantes que vivem em regiões desfavorecidas têm desempenho pior, independentemente das condições da própria casa. No entanto, se os pais têm altas expectativas e incentivam os filhos quanto ao que será capaz de alcançar no futuro, ele obtém melhores resultados.

O Terce mostra ainda que frequentar a pré-escola, desde os 4 anos, também melhora o desempenho dos estudantes. Por outro lado, faltar à escola diminui o desempenho.

Em relação às novas tecnologias, os estudantes do 7º ano que utilizam computadores na escola com frequência tendem a conseguir pontuações menores em matemática. Já os que utilizam o computador fora do contexto escolar tendem a ter melhores resultados em todas as provas.

O Terce é um estudo de desempenho da aprendizagem em larga escala realizado em 15 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai), além do estado de Nuevo León (México). Mais de 134 mil crianças do ensino fundamental participaram da avaliação.

Baixo desempenho

O desempenho dos estudantes brasileiros no ensino fundamental é igual à média dos demais estudantes de países avaliados pelo Terce em escrita e em ciências naturais em todos os níveis e em leitura no 4º ano e em matemática no 7º. O país supera a média em matemática, no 4º ano, e em leitura, no 7º ano.

Apesar de toda a região ter apresentado melhoras em relação à avaliação anterior, o estudo mostra que são poucos os alunos que estão no maior nível de desempenho. Ao todo, são quatro níveis. No Brasil, a maior porcentagem de alunos no nível mais alto de desempenho é 16,6% em leitura do 7º ano.

A maioria dos estudantes concentra-se nos níveis mais baixos, o que significa que não são capazes de interpretar e inferir o significado de palavras em textos escritos e nem de resolver problemas matemáticos que exigem interpretar informações em tabelas e gráficos.

O pior desempenho foi na prova de ciências naturais, aplicada pela primeira vez no país aos alunos do 7º ano. Apenas 4,6% estão no maior nível e 80,1% estão nos níveis mais baixos. Eles não são capazes de aplicar os conhecimentos científicos para explicar fenômenos do mundo.

Os países que estão acima da média regional em todos os testes e anos avaliados são Chile, Costa Rica e México.

Redação

Na prova escrita, o Brasil está na média dos demais países. A prova avalia os estudantes quanto a três competências: domínio discursivo (adequação ao gênero e tipo textual); textuais (coerência, concordância oracional e coesão); e convenções de legibilidade (segmentação de palavras, ortografia e pontuação).

O Brasil ficou acima da média do bloco apenas na última competência. Em domínio discursivo, o Brasil ficou abaixo da média. No 4º ano, os estudantes tiveram que escrever uma carta a um amigo e, no 7º, uma carta a uma autoridade escolar.

Em ambos os anos, e em quase todos os domínios avaliados, com exceção do dircursivo no 4º ano, a maior parte dos estudantes está nos níveis mais altos de proficiência.

 

 

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