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Avaliação e pandemia: a avaliação em foco

Educação e Pandemia: a avaliação em foco

Enílvia Rocha Morato Soares

Em entrevista ao periódico El País (apresentada ao final deste texto), Andreas Schleicher, diretor de Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e principal responsável pelo relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), aponta consequências do prolongado afastamento de crianças e adolescentes do ambiente escolar em função da crise do coronavírus, bem como para mudanças que deverão ser introduzidas nas escolas após o final do isolamento, visando dirimir os efeitos negativos decorrentes dessa ruptura.

Medidas adotadas na China e dificuldades enfrentadas na Espanha para o enfrentamento do problema, citadas pelo pesquisador para exemplificar suas ideias, potencializam preocupações diante do contexto brasileiro de avassaladoras desigualdades sociais e investimento em políticas que, se não as ignoram totalmente, desconsideram o fato de que esforços pessoais não são suficientes para superá-las. Na esteira dessa realidade caminha a educação. Distante de ser uma prioridade do atual governo e conduzida por ideais meritocráticos, desigualdades de aprendizagem tendem a se fortalecer com e a partir da quarentena, elitizando oportunidades de ascensão educacional e social.Continue a ler »Avaliação e pandemia: a avaliação em foco

Notas: para quê? Uma discussão que não pode ser adiada

 

Notas: para quê? Uma discussão que não pode ser adiada

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Novo ano letivo iniciando. Hora de dar continuidade ao planejamento do trabalho pedagógico. Refiro-me à continuidade porque as informações coletadas no ano anterior não são engavetadas. São aproveitadas. A avaliação é um componente crucial desse processo porque é o ponto de partida da organização do trabalho pedagógico, acompanhando todo o seu percurso, o concluindo e oferecendo elementos para a sua retomada. Costumamos discutir vários aspectos relacionados ao trabalho escolar e à avaliação, mas em um deles não tocamos: o uso de notas. Qual a razão de insistirmos na sua adoção? Por que perduram há tanto tempo?

Por isso, é oportuno comentar brevemente um estudo realizado nos Estados Unidos sob a coordenação de Susan Brookhart e Thomas R. Guskey (2019), sobre o uso de notas. Eles reuniram um grupo de renomados professores para sintetizar pesquisas sobre notas, realizadas nos últimos 100 anos. Como se pode perceber, pesquisar o uso de notas em 100 anos demonstra quão importantes têm sido no trabalho escolar.Continue a ler »Notas: para quê? Uma discussão que não pode ser adiada

Semana pedagógica: discutindo a avaliação formativa

 

Semana pedagógica: discutindo a avaliação formativa

Maria Theresa de O. Corrêa

Compreender a avaliação, de maneira mais ampla, para além da correção de trabalhos, exercícios e provas, é um desafio que se impõe a cada momento não somente para os (as) professores (as) mas para a toda a escola, considerando a sua temporalidade e complexidade. Cada período letivo é único e no ambiente escolar, afirma Cerqueira (2006), inscrevem-se regras, histórias, fantasias, formalidades que afetam e contribuem para a produção de sentido na educação.

Assim, a “semana pedagógica” é uma oportunidade ímpar para se começar o ano discutindo o processo avaliativo, a partir das necessidades da própria escola, da sua complexidade.  Nessa ocasião, esforços diversos e em conjunto são empreendidos pela secretaria escolar, equipe gestora, agentes da limpeza, da portaria que, entre outros, matizam cores, sons e intenções para o ano escolar que se inicia. Essa dinâmica desenha, de forma ampla, o trabalho pedagógico que será desenvolvido durante o período letivo e que implicará as ações realizadas em sala de aula pelos (as) professores (as) com os (as) estudantes.Continue a ler »Semana pedagógica: discutindo a avaliação formativa

Avaliar para planejar… planejar para avaliar

 

Avaliar para planejar… planejar para avaliar

Enílvia Rocha Morato Soares

 

Teremos na próxima semana, a partir do dia 03 de fevereiro, o início de mais um ano letivo nas escolas públicas do Distrito Federal. Como sempre acontece na primeira semana após o período de férias dos estudantes e professores, chamada oficialmente de “Semana Pedagógica”, profissionais da educação e integrantes da comunidade escolar se reúnem para (re)planejar o trabalho que pretendem desenvolver ao longo do ano. Trata-se, portanto, de um momento em que a avaliação se mostra imprescindível.

Diferente da visão pontual e retrospectiva que, em geral, incide sobre as avaliações situando-as ao final de processos, reflexões sobre o modo como se pretende caminhar não dispensa o olhar atento sobre o percurso já trilhado, constituindo norte para a manutenção do foi produtivo, eliminação do que não foi e projeção de novas investidas que, por sua vez, deverão ser reincidentemente avaliadas.Continue a ler »Avaliar para planejar… planejar para avaliar

Encontro do GEPA

Encontro do GEPA

No dia 1º de novembro de 2019 as integrantes do GEPA se reuniram para analisar a 3ª versão do Parecer do CNE que traça Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica (atualizada em 18/09/2019). Naquela data o documento ainda estava em situação de consulta. A resolução e o parecer, aprovados no dia 07/11/2019, ainda não foram divulgados.

Como a avaliação é uma categoria estratégica do trabalho pedagógico, detivemo-nos nas diretrizes sobre avaliação que, além de receberem atenção mínima do texto, não se coadunam com as fragilidades enfrentadas pela formação inicial de professores. Vejamos.Continue a ler »Encontro do GEPA

ANÁLISE DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO NO REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF

 

ANÁLISE DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO NO REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF

Grupo de pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico – GEPA

06/05/2019

A Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) vem construindo concepção e práticas de avaliação formativa desde 2000. Quatro versões das diretrizes de avaliação foram elaboradas nesse período, sendo que as três últimas tiveram a participação de professores. A quinta versão foi concluída ao final de 2018, mas não foi implementada. Um esforço gigantesco foi empreendido, durante os últimos anos, por meio da formação continuada dos educadores, para ampliação da compreensão dessa função avaliativa.

Contudo, ao final de abril deste ano, as escolas foram surpreendidas por uma proposta de alteração do regimento escolar a elas enviada para oferecimento de sugestões, que entra em conflito com os preceitos da avaliação formativa inseridos nos documentos oficiais da rede pública do DF.  Continue a ler »ANÁLISE DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO NO REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A pergunta acima foi feita por uma professora da rede pública de ensino do DF, muito comprometida com o trabalho que desenvolve. Como o DF mantém a organização da escolaridade em ciclos há algum tempo e suas escolas receberam documentos orientadores da sua implementação, fui consultá-los para entender a razão da pergunta da professora. Não encontrei a resposta para sua dúvida. Fiquei preocupada. Ela deveria constar das orientações. Tento aqui refletir sobre o tema.  Continue a ler »“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

Maria Susley Pereira

Pesquisadora do GEPA

A pergunta acima foi feita por uma professora da rede pública de ensino do DF muito comprometida com as aprendizagens dos estudantes. Este breve texto procura respondê-la.

Em primeiro lugar devo dizer que responder a esta pergunta em poucas linhas não é uma tarefa simples, pois falar sobre educação não nos permite discuti-la como uma ciência exata e, sendo assim, seria conversa “pra mais de metro”.

Sabemos que a reprovação e o abandono escolar são situações com as quais a educação brasileira convive há muito tempo e estão presentes desde os primeiros anos de escolaridade dos estudantes. No entanto, muito além desses dois efetivos problemas, enfrentamos um ainda mais complexo: muitos alunos seguem sua trajetória escolar com resultados inexpressivos em suas aprendizagens, resultando no que se tem chamado de “fracasso escolar”, mas que é possível ser denominado de um “fracasso da escola”, que produz a exclusão dentro dela mesma quando permite que o aluno ali permaneça sem aprender, inclusive contribuindo para o crescimento do fenômeno da defasagem série/idade.Continue a ler »O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?

AVALIAÇÃO E MILITARISMO ESCOLAR: caminho para a passividade, o conformismo e a subserviência

AVALIAÇÃO E MILITARISMO ESCOLAR:

caminho para a passividade, o conformismo e a subserviência

Enílvia Rocha Morato Soares

            O noticiário de hoje, dia 11/02/2019, esteve repleto de notícias que tratam do novo modelo “cívico-militar” adotado para as escolas públicas do DF, ou seja, da militarização dessas instituições. Trata-se de um projeto que prevê a participação da Secretaria de Segurança Pública, por intermédio da PMDF, na gestão administrativa e disciplinar de quatro unidades públicas de ensino. Esses profissionais se encarregarão das atividades burocráticas e de segurança, tais como controle de entrada e saída, horários, filas, além de ministrarem aulas de musicalização, ética e cidadania no contraturno.Continue a ler »AVALIAÇÃO E MILITARISMO ESCOLAR: caminho para a passividade, o conformismo e a subserviência

Aos 20 anos, Enem se consolida como a maior prova do País, mas deve mudar

JC Notícias – 29/10/2018

Aos 20 anos, Enem se consolida como a maior prova do País, mas deve mudar

Após diversas alterações e a participação de 100 milhões de alunos, o exame está em fase de amadurecimento, com uma nova matriz curricular e mudanças na aplicação; edição deste ano será aplicada nos dias 4 e 11 de novembro

Para ele, foi apenas um treino. Para ela, é a principal chance de conseguir a tão sonhada vaga em Medicina. Em 20 anos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passou de uma avaliação de desempenho ao fim da educação básica para se tornar o maior vestibular do País – e o segundo do mundo. Depois de muitas mudanças e 100 milhões de inscritos, a prova, que ocorre nos dias 4 e 11 de novembro, está em amadurecimento, com nova matriz curricular e alterações na aplicação sendo estudadas.Continue a ler »Aos 20 anos, Enem se consolida como a maior prova do País, mas deve mudar

“Pais dão nota que vale pontos no colégio”

“Pais dão nota que vale pontos no colégio”

Rose Meire Oliveira

 

Ao deparar-me com a reportagem “Pais dão nota que vale pontos no colégio”, publicada pelo jornal “O Estadão” em 18/09/18, alguns aspectos me trouxeram inquietações, entre eles, a escola atrelar bom comportamento dos estudantes em casa, como fator de melhoria para a composição de nota e desempenho escolar, incentivando os pais/responsáveis atribuírem notas para as atividades realizadas diariamente pelos filhos.

Reduzir o processo avaliativo à meritocracia de forma tão perniciosa, com o argumento de a escola ajudar os pais a disciplinarem seus filhos, por meio de notas atribuídas ao comportamento, é no mínimo algo que desumaniza as relações interpessoais estabelecidas entre os sujeitos no âmbito familiar e escolar: pais e filhos, professores e estudantes, respectivamente.Continue a ler »“Pais dão nota que vale pontos no colégio”

“Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia”

“Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia”

Benigna Villas Boas

Assisti em um canal de televisão, no início de setembro, a uma conversa entre um economista do Instituto Ayrton Senna, um doutor em Educação e profissional do IPEA e uma especialista do Itaú Social, oportunidade em que o apresentador assim colocou o tema: o grande desafio dos futuros governantes é o ensino no Brasil, que realmente prepare os jovens para as exigências do país. Que dê o conhecimento necessário para impulsionar a economia que cria empregos e renda. Pesquisa da OCDE indica que, acima dos 25 anos de idade, metade dos adultos não concluiu o ensino médio. O Brasil aumentou o número de crianças na escola, mas, à medida que os anos passam, elas vão deixando as salas de aula. A baixa escolaridade e a baixa renda formam uma relação que faz mal para as pessoas e o país. O aluno que está fora da escola vai impactar a economia do país. Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia.Continue a ler »“Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia”

Amarelo pela vida: preservação da saúde mental no meio acadêmico

Preservação da saúde mental no meio acadêmico

A preservação da saúde mental no meio acadêmico tem sido um tema debatido ultimamente. Contudo, a avaliação não ainda não faz parte dessa discussão. De modo geral, os estudantes sonham entrar para a universidade e, aí chegando, sofrem com o isolamento e as cobranças muitas vezes exageradas. Não sou contra o rigor e a disciplina que o trabalho acadêmico requer. São absolutamente necessários, mas não dispensam certos cuidados pedagógicos: um deles é o processo avaliativo, que costuma ser cruel. Relato um fato verídico: em uma disciplina da área de Ciências Exatas a professora aplica quatro provas durante o semestre e não as devolve nem divulga as notas de cada estudante. Motivo: se ele obtiver nota “boa”, não estudará para a prova seguinte. Que cidadão está sendo formado por essa estratégia?

Outro fato: em algumas instituições, após o professor corrigir as provas, as notas são lançadas por meio de um programa eletrônico e ali permanecem definitivamente. Não há possibilidade de intervenção pedagógica e de a nota ser substituída. Passando por esse sistema, os estudantes que se tornarem professores possivelmente irão replicá-lo em seu local de trabalho.

Vale a pena refletir: as cobranças feitas aos estudantes se alinham ao trabalho pedagógico desenvolvido? Eles participam do processo de tomada de decisões? Para que serve a avaliação?

Benigna Villas Boas
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MARCAS DA AVALIAÇÃO

MARCAS DA AVALIAÇÃO

Profa. Dra. Enílvia Rocha Morato Soares

Segundo Villas Boas (2008), a avaliação deixa marcas. Resta a nós, educadores, definirmos que marcas queremos deixar em nossos estudantes. Inspirada pela pesquisadora, propus ao grupo de professores de uma escola pública, para a qual fui convidada para debater sobre a temática, o seguinte questionamento: ”A avaliação deixa marcas” (VILLAS BOAS, 2008). Que marcas a avaliação deixou em você?Continue a ler »MARCAS DA AVALIAÇÃO

Professora Katherine Merseth quer mudar a maneira de os professores aprenderem

Professora Katherine Merseth quer mudar a maneira de os professores aprenderem

Em entrevista à revista Nova Escola, em sua passagem pelo Brasil, Katherine Merseth, professora sênior da Escola de Educação da Universidade de Harvard, falou sobre os dilemas dos professores, a necessidade de uma sólida formação inicial e a educação no Brasil. Algumas das suas reflexões nos chamaram a atenção, principalmente as que se referem à formação de professores. Diz ela: “Professores ensinam do jeito que foram ensinados. Não deveria ser uma surpresa, portanto, que um professor que aprendeu através de aula expositiva, vá ensinar seus alunos com aulas expositivas. Se os professores forem ensinados com atividades, trabalho colaborativo, eles vão dar aulas com essas características a seus alunos. É por isso que precisamos mudar a prática de trabalho. Se continuarmos apenas com aulas expositivas, acabaremos nos concentrando na teoria e eles não estarão preparados para dar aula nesse novo formato. Então eles precisam ser ensinados em uma nova maneira, exatamente como você mencionou. Precisamos quebrar esse círculo”.Continue a ler »Professora Katherine Merseth quer mudar a maneira de os professores aprenderem

PROMOÇÃO AUTOMÁTICA X PROGRESSÃO CONTINUADA: O NÓ DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLOS

PROMOÇÃO AUTOMÁTICA X PROGRESSÃO CONTINUADA: O NÓ DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLOS

Erisevelton Silva Lima

Professor da SEEDF, Doutor em Educação pela Universidade de Brasília- UnB)

             A ideia de que todos aprendem ao mesmo tempo e que o ano letivo é o ponto de partida e de chegada para os estudantes, de maneira homogênea, é a tese metodológica secular da seriação (FERNANDES, 2009; JACOMINI, 2009; DEMO, 1998; FREITAS 2003). A expressão “promoção automática” surge na década de 1950 cunhada por Dante Moreira Leite e Almeida Júnior como proposta de reorganização da escola ao democratizar o ensino (JACOMINE, 2009); no início, essa expressão tinha sentido diferente, hoje, representa aprovar sem aprender.Continue a ler »PROMOÇÃO AUTOMÁTICA X PROGRESSÃO CONTINUADA: O NÓ DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLOS